The Darkest Hour - E o Oscar de melhor ator vai para...
Gary Oldman interpreta Churchill em "The Darkest Hour" |
Muitos são os locais alusivos a Churchill que o público pode visitar, muitos são os documentos e livros que sobre ele se podem ler e muitas são também as representações que dele se fizeram, no palco, na televisão e no grande ecrã. E é justamente no cinema que nos chegou a última grande alusão a esta figura, no filme "The Darkest Hour".
Dentro das obras cinematográficas centradas em personalidades históricas, é interessante salientar a tendência cada vez mais sólida para se focar em curtos espaços de tempo marcantes nas suas vidas, ao invés de se procurar fazer uma biografia mais extensa. Assim foi em "The King's Speech" em que o assunto se pode resumir ao esforço do Rei George VI para superar a sua gaguez e conseguir, desta forma, discursar ao povo britânico ou no filme "Lincoln" que destaca o trabalho deste Presidente dos Estados Unidos da América com vista à aprovação da 13ª Emenda que visava abolir a escravatura.
No caso de "The Darkest Hour", o período retratado é ainda mais curto, começando na nomeação de Churchill para líder do governo britânico e terminando no discurso em que consegue o apoio do seu partido para enfrentar a ameaça Nazi. Não estando à espera que assim fosse, estranhei o facto de a Batalha de Inglaterra não ser retratada, uma vez que esse foi um dos momentos mais marcantes da liderança de Churchill, originando o primeiro revez militar de Hitler na II Guerra Mundial.
Ao abordar um curto espaço de tempo, o filme de Joe Wright pôde retratar de uma forma mais íntima a convivência entre as personagens, explorando mais as suas histórias e o seu lado humano. Esse fator permite enriquecer bastante as prestações dos atores, surgindo à cabeça o caso de Gary Oldman. A transformação física a que foi sujeito, bem como a adaptação vocal que fez para se assemelhar a Churchill tornaram-no praticamente irreconhecível. Só em momentos em que falava mais alto consegui descortinar vestígios de um Sirius Black ou de um Jim Gordon na sua voz. Sendo difícil recriar na perfeição todas as peculiariedades da expressão fonética de Churchill, Oldman agarrou muito bem a sua representação, com um desempenho muito sólido e convincente, vital para o sucesso do filme.
De resto, há muito bons momentos cinematográficos a registar. Para além do retrato de vários momentos que caracterizam a tarefa árdua de Churchill na condução de uma nação em guerra, uma das cenas que marca "The Darkest Hour" ocorre quando o Brigadeiro Claude Nicholson lê o telegrama do chefe do governo que o informa que deverá manter a resistência suicida contra as tropas alemãs e que a sua evacuação não irá ocorrer em circunstância alguma.
As atrizes Lily James e Kristin Scott Thomas oferecem também elas boas prestações, reforçando a força do papel de Oldman, uma vez que com ele contracenam em grande parte da película. Da parte de Ben Mendelsohn fica a ideia de que podia ter feito o seu Rei George VI gaguejar mais um pouco, talvez uma fasquia algo elevada, após a representação que Colin Firth emprestou em "The King´s Speech".
Voltando a Oldman, existe grande expectativa de poder vir a ganhar o seu primeiro Oscar na categoria de melhor ator. Edições anteriores demonstram que os atores que conseguiram convencer com as suas interpretações de figuras de relevo histórico conseguiram arrecadar a tão desejada estatueta. Falamos de Firth, Day-Lewis - que vai ser um dos principais concorrentes de Oldman - ou de Meryl Streep em "The Iron Lady". Se assim for, quase já se poderá dizer: "E o Oscar na categoria de melhor ator vai para... O melhor, como sempre, é esperar.
P.S.: Ainda relativamente à cena final do filme, não posso deixar de mencionar um comentário muito inteligente que alguém muito perspicaz me disse, enquanto discutíamos o filme. Dizia-me que acreditava que toda a película havia sido projetada a partir daquela cena final. Confesso que tudo fez mais sentido depois de pensar assim. Caso para dizer: "Touché."
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