Mário Sininho
Mas não posso deixar de encontrar certas semelhanças no enquadramento de Centeno no governo português, face ao enquadramento de Cristiano no Real Madrid. Sendo ambos as "estrelas da equipa", a verdade é que não são capitães dos respetivos grupos. Tais cargos ficam a cargo de António Costa e Sérgio Ramos, respetivamente,que parecem não ter nada em comum.
O capitão de equipa do Real Madrid é conhecido pelo seu temperamento instável e por ser bastante matreiro na forma como aborda os lances, procurando infligir danos nos adversários, em vez de jogar a bola. Pensando melhor, isso não é muito diferente de um Primeiro-Ministro que vai para os debates quinzenais não responder às perguntas dos deputados, preferindo as bocas foleiras e os ataques pessoais em vez disso. Curioso.
Voltando a Centeno e Ronaldo, sendo ambos as estrelas, poderá ser natural que haja outros intérpretes que ficam ofuscados pelo seu protagonismo. De facto, temos o caso de jogadores como Bale que era muito bom na sua antiga equipa, mas que não se consegue afirmar no Real por a equipa jogar (eventualmente) em função de Cristiano. Se pensarmos no governo português, temos Ministros como Adalberto Campos Fernandes - Saúde - ou Tiago Brandão Rodrigues - Educação - que, para deixar Centeno brilhar, têm de sacrificar as suas pastas.
Mas Ronaldo não é Centeno. E Centeno não é Ronaldo. Ronaldo carrega uma equipa às costas e traz conquistas para todos, decide nos momentos importantes. Colocou o Real Madrid no topo das equipas europeias (bem sei que este ano as coisas não estão a correr bem). Centeno tem o protagonismo, mas não coloca Portugal no topo. O nosso país cresce menos que muitos na Europa, quando devia estar a crescer mais para convergir. A falta de ambição para modernizar Portugal, trazendo-o para o topo dos melhores países para se trabalhar, inovar e investir é a diferença entre Ronaldo e Centeno. Ronaldo quereria colocar a equipa no topo, Centeno apenas quer garantir que cumpre os seus indicadores, sem se importar com o global.
Mas, já que se procura uma alcunha para Mário Centeno, lanço uma proposta. Mário Sininho, em alusão à delicada Fada da Terra do Nunca, que com os seus pozinhos punha a criançada toda a voar. Em Portugal não são as crianças que voam, mas recordo-me de que o Primeiro-Ministro havia dito que tudo é possível, e mesmo "até as vacas podem voar".
Ora, a julgar pelas opiniões de muitos, parece que as vacas estão mesmo a voar e só uma minoria é que não vê isso, na qual tristemente estou incluído. Infelizmente, tomei a decisão errada de, ao contrário do Peter Pan, abandonar a Terra do Nunca e vir para a terra da realidade. Do sítio onde estou, tenho a dizer-vos que não consigo ver as incríveis magias e façanhas de Mário Sininho. Triste é o mundo onde a magia é substituída pela ilusão e arte pelo engano.
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