Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald - J. K. Rowling emenda a mão

Mas nem tudo é perfeito. A começar pelo título. A verdade é que a segunda película da prequela "Fantastic Beasts" não consiste propriamente num relato dos crimes de Grindelwald, mas mais na sua ascensão após escapar da prisão. Creio quem um Fantastic Beasts - The Rise of Grindelwald seria mais adequado. Outras pequenas polémicas surgiram, como por exemplo a discrepância cronológica para colocar McGonagall no filme, uma vez que à data não era, de acordo com a cronologia oficial, nascida muito menos Professora.

Tal não mina que, sem a mínima dúvida, este filme seja globalmente melhor que o primeiro. Tem bastante mais substância, mais enredo, mais vasos comunicantes com o universo de J. K. Rowling e as personagens adquirem outro tipo de profundidade - as que transitam do primeiro para o segundo filmes e as novas.

David Yates mantém a direção, continuando a imprimir a dinâmica que trouxe aos efeitos mágicos desde Harry Potter and the Order of the Phoenix, nomeadamente nas cenas da batalha entre os membros da Ordem da Fénix e os Devoradores da Morte, com apogeu claro no duelo entre Dumbledore e Voldemort. A abertura, em que Grindelwald escapa da custódia dos oficiais do Ministério da Magia Britânico, e o final, sobre o qual não deverei adiantar detalhes, confirmam que Yates é um realizador que se enquadra neste tipo de filmes. De resto, os críticos que afirmam que este filme tem pouca magia estão enganados.

Ou talvez não, se a palavra "magia" for utilizada para classificar momentos de felicidade inocente desprovida das assombrações das forças do mal. Fundamentalmente, o primeiro filme de Harry Potter e, a espaços, o segundo, trazem esta tal "magia". Ou mesmo Fantastic Beats and Where to Find Them. Não é o caso deste, nem, creio eu, fosse intenção que assim acontecesse. J. K. Rowling saberá melhor do que eu que, para contar boas histórias, é necessário trazer um lado obscuro, característico de qualquer ser humano, que está presente diariamente no mundo. E, ao passo que o no primeiro não havia quase nada para contar, no segundo já é bem diferente.

Compreender o argumento implica atenção e implica também perceber que muita coisa será revelada nos três filmes restantes. Nomeadamente, um certo plot twist mesmo a acabar que carecerá de outro tipo de explicação em futuros desenvolvimentos. Pelo que o melhor será aguardar. De resto, o argumento parece-me ser equilibrado e mais ao jeito do que Rowling nos havia habituado na saga de Harry Potter. Mesmo a parafernália de "monstros" foi mais contida, o que é positivo. Uma última nota para o périplo por várias cidades que se parece querer fazer em Fantastic Beasts. Creio que as idas a Nova Iorque ou Paris são minimamente justificáveis, mas não me parece adequado andar a saltar de país em país só porque sim. Outro apontamento positivo são as conexões com factos históricos do mundo "real".

Johnny Depp enquanto Gellert Grindelwald
James Newton Howard mantém-se na composição da banda sonora, mantendo as linhas sonoras do primeiro filme, ao mesmo tempo que lhes confere um tom mais negro, indo ao encontro do enredo.

Johnny Depp é sem dúvida a figura do elenco, destacando-se claramente pela relevância do seu personagem e categoria da sua interpretação. Notas de destaque são dadas ainda a Zoë Kravitz - Leta Lestrange e a Alison Sudol - Queenie Goldstein. Jude Law, enquanto Albus Dumbledore, esteve num papel secundário, não permitindo ver muito dele na tela, ao passo que o Newt Scamander de Eddie Redmayne tem peculiaridades interessantes, mas sem grande flutuação para mostrar versatilidade.

J. K. Rowling emenda assim a mão do primeiro filme, desvendando um futuro mais promissor para aquilo que está para vir. Esperemos que se mantenha nesta linha.

Classificação: 8* (em 10)

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