24. Die Another Day


O vigésimo filme da saga oficial de 007 - e que comemorou os seus 40 anos no cinema - procurou ser exuberante, com momentos de espetacularidade visual que, no seu conjunto, pouco mais foram do que isso (e alguns deles mal conseguidos). Tudo isto contribui para explicar que, aquele que era para ser um filme de gala, se revelou um verdadeiro fiasco.

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Título: Die Another Day (2002)


Realizador: Lee Tamahori


007: Pierce Brosnan


Bond Girl: Halle Berry


Vilão: Toby Stephens


Música: Die Another Day (Madonna)







A Melhor "linha"

Bond: I'm looking for a North Korean.

Raul: A tourist?

Bond: Terrorist.

Raul: One man's terrorist is another man's freedom fighter. 


Resumo

Pierce Brosnan é um ator que reconhecidamente se enquadra no espírito de um bom James Bond. Nas quatro aparições que fez enquanto agente 007, o ator irlandês trouxe sempre o seu charme característico, associado a uma dureza elegante e implacável. Para seu grande azar, os guiões que teve para trabalhar, com exceção de Goldeneye - embora também se tenha aventurado por devaneios megalómanos -, não lhe permitiram ter o realce que outros atores tiveram. De 1995 a 2004, parece ter sido o tempo de vermos um Super Bond contra Super Vilões, o que trouxe mais momentos caricaturacionais do que memoráveis. E nem o facto de Bond passar vários anos numa prisão norte coreana até ter sido libertado, com mau aspecto, contribuíram para humanizar a personagem nesta película.

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Bond enquanto é libertado pelos norte coreanos por troca com Zao

Die Another Day é a representação perfeita desse exagero que chegou a roçar a patetice, entrando de caras para o último lugar deste ranking. O realizador neozelandês conhecido por Once Were Warriors (1994) embarcou numa autêntica viagem de busca por efeitos especiais e espetacularidade que, à medida que os 133 minutos do filme avançam, perde cada vez mais verosimilhança com algo que se possa considerar como próximo do real.

A sequência de abertura é até peculiar, começando com um assalto a uma base militar norte coreana perpetrado por três agentes (um deles era Bond) vindos do mar através de pranchas de surf. Bond, após ser traído por alguém do MI6, é capturado ficando sob custódia na Coreia do Norte até ser trocado por Zao (Rick Yune), um terrorista daquele país. A partir daí, Bond inicia a sua demanda para apanhar Zao e descobrir quem o traiu, passando por Cuba (filmado em Cádiz, Espanha) e um palácio feito de gelo, contando com um Aston Martin invisível e defrontando um enorme "satélite" feito de diamantes - semelhante ao de Diamonds are Forever (1971) - que destrói as superfícies que atinge. No mínimo, é tudo bastante imaginativo.

O Vilão

Toby Stephens oferece um vilão sem grande história, que não fica na memória dos fãs. Não que a sua interpretação tenha sido de má qualidade, mas é um personagem sem muita história e que resulta de uma tranformação facial milagrosa numa clínica cubana. De filho rebelde e criminoso do General norte coreano Moon, passa a um respeitável cavalheiro britânico de nome Gustav Graves que comercializa diamantes. Através desses diamantes, Graves contrói um míssil satélite (Icarus) que destrói tudo por onde passa com o objetivo de vingar a Coreia do Norte ao inflingir danos terríveis nos inimigos do país. O Icarus estará mesmo na memória de todos os apreciadores da saga, por estar na origem de um dos momentos mais troll de toda a saga.

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Um vilão com duas caras - Tao Su Moon e Gustav Graves

Bond Girl

A personagem de Halle Berry, Jinx, como todas as outras, peca pela superficialidade e pela falta de conteúdo. Não obstante, naquilo que é o espírito de Die Another Day, Halle Berry agarra a sua personagem tão bem como agarra numa pistola, não fosse Jinx uma agente norte americana que faz parceria com Bond no combate a Graves (e não só). Mas o maior destaque vai para a sua primeira aparição vinda da água, fazendo lembrar a forma como Ursula Andress (1936) surgiu no grande ecrã em Doctor No (1962).
Halle Berry na pele de Jinx

Música

Com uma toada mais tecnológica de sonoridades sintéticas, a música homónima está adequada ao filme, cumprindo o seu papel. Estará fora do top das melhores, mas não é, de todo, aberrante. Aliás, bem mais caricato é o aparecimento da sua intérpetre na tela, enquanto professora de esgrima. Parece mesmo aquele tipo de filme onde se quer encaixar tudo, saindo depois um puzzle impossível de montar.


Madonna tem um pequeno papel enquanto Verity, uma professora de esgrima com um vestuário que mais parece o de um concerto.

O Melhor

Para além da introdução de uma nova geografia inimiga nunca antes explorada, a Coreia do Norte, o surgimento de Rosamund Pike, enquanto Miranda Frost, merece grande destaque pela qualidade interpretativa. Aliás, a carreira de Rosamund Pike tem demonstrado o seu enorme talento em filmes como Gone Girl (2014) ou Hostiles (2017). Também a defesa que John Cleese faz da pesada herança deixada pelo (quase) eterno Desmond Llewelyn (1914-1999) que tinha interpretado o papel de Q por dezassete ocasiões. E claro, a culpa de Bond ter um carro invisível não é de Cleese.


Rosamund Pike, no papel de Miranda Frost



O Pior

Um mega satélite destruidor, um palácio feito de gelo, um carro invisível, inimigos que mudam de cara como quem muda de camisa... muito há para enumerar. E, claro, a pior cena de sempre num filme de James Bond:

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