21. Tomorrow Never Dies




Tomorrow Never Dies (1997) enferma por exageros semelhantes aos de Die Another Day (2002), embora se coloque num nível mais aceitável. Os pormenores de um navio furtivo capaz de iludir as mais altas patentes militares de dois países, China e Reino Unido, são exemplo de um manifesto exagero. No entanto, a alusão às tentações dos Media em manipular a verdade para assim criar notícias bombásticas consiste num tema nunca antes explorado e atual. Pena é que inclua um barco furtivo com mísseis militares, um carro que se conduz com um dedo no telemóvel e uma série de excentricidades desnecessárias. Pierce Brosnan tem aqui uma segunda interpretação sólida, mas com menos fulgor que em Goldeneye (1995).




Título: Tomorrow Never Dies (1997)

Realizador: Roger Spottiswoode

007: Pierce Brosnan

Bond Girl: Michelle Yeoh

Vilão: Jonathan Pryce

Música: Tomorrow Never Dies (Sheryl Crow)













Melhor linha

Bond:    I never believe what I read in the press anyway.
Carver: Ha! Therein lies your problem, Mr. Bond. You see, we're both men of action, but your era and Miss Lin's is passing. Words are the new weapons, satellites the new artillery.
Bond:    And you become the new Supreme Allied Commander?
Carver: Exactly! Caesar had his legions, Napoleon had his armies, I have my divisions. TV, news magazines. And by midnight I'll have reached and influenced more people than anyone in the history of this planet, save God Himself. And the best He ever managed was the Sermon on the Mount.
Bond:    You really are quite insane.
Carver: The distance between insanity and genius is measured only by success.

Resumo

Tomorrow Never Dies (1997) é dos filmes de Bond onde a tecnologia mais longe chegou, ultrapassando esmagadoramente a barreira do que é verosímil. O apogeu é mesmo um barco furtivo impossível de ser detetado que, em conjunto com um codificador de GPS capaz de confundir os navios britânicos em relação à sua real localização através de interferências nos sinais de satélite. Este aparelho leva-nos à sequência de abertura, um bazar terrorista localizado numa remota fronteira russa. Nas palavras do Chief of Staff do MI6, Charles Robinson (Colin  Salmon): "It's like a terrorist supermarket. Chinese Long March Scud, Panther AS-565 attack helicopter, a par of Russian mortars and the crates look like American riffles. Chilean mines. German explosives. Fun for the whole family".

Junto a Charles Robinson no quartel-general do MI6 estão M (Judi Dench), líder do MI6, e o Admiral Roebuck (Geoffrey Palmer), alta patente da Marinha britânica, observando a cena num grande ecrã, graças à presença do White Knight que transmitia o que se passava via vídeo. Um dos personagens identificados no vídeo é Henry Gupta (Ricky Jay), um tecno-terrorista americano avistado com o codificador GPS na mão. Perante a possibilidade de neutralizar vários inimigos num único ataque, Roebuck dá ordem para lançar um míssil com vista a atingir o bazar terrorista. Todavia, pouco tempo após a ordem, o White Knight dirige a sua câmara para um avião equipado com mísseis nucleares que, uma vez detonados, provocariam danos muito superiores aos previsto.

Após a falha na abortagem do míssil, White Knight, 007 (Pierce Brosnan), entra em campo a fim de alcançar o avião e poder removê-lo do local. James Bond consegue escapar no avião, livrando-se depois da perseguição de um caça ao ejetar o seu indesejado co-piloto em dureção à aeronave inimiga.

Após escutarmos a interpretação de Sheryl Crow, acompanhamos a escalada de tensão entre a Marinha inglesa e a força aérea chinesa em águas chinesas (os britânicos julgavam serem internacionais). Com recurso ao seu navio furtivo, o magnata dos Media Elliot Carver (Jonathan Pryce) ordena a destruição de um caça chinês e do HMS Devonshire, um navio britânico, por forma a simular um quadro de agressão mútua entre as duas potências. Por fim, ao ser questinado sobre o que fazer com os náufragos britânicos sobreviventes, Carver ordena o seu brutal assassínio, após testar vários cabeçalhos para a sua notícia.

Perante o brutal assassínio dos náufragos ingleses, o Ministro da Defesa britânico e Roebuck querem preparar de imediato uma retaliação contra a China. Por outro lado, M pede tempo para investigar primeiro, devido aos indícios que apontavam para um equívoco dos marinheiros ingleses em relação à sua real localização, bem como por considerar suspeito o facto de o jornal Tomorrow (de Elliot Carver) ter publicado a notícia quase instantaneamente. Dado que a resposta inglesa demoraria 48 horas a preparar, foi esse o tempo dado a M para investigar.

Bond é enviado para Hamburgo onde Carver iria dar uma festa para inaugurar o lançamento dos seus novos satélites. Aí contacta Paris Carver (Teri Hatcher), mulher do maganta dos Media com quem já se havia envolvido no passado. Aí entra também a agente especial chinesa Wai Lin (Michelle Yeoh) que também fora incumbida de investigar as atividades suspeitas de Carver. No dia seguinte, Bond consegue voltar às instalações de Carver para resgatar o codificador de GPS com ajuda de uma dica dada por Paris Carver - que viria a ser assassinada a mando do marido, devido à traição.

Com o codificador, Bond viaja até ao mar da China para descobrir a real localização do HMS Devonshire. Com a ajuda do agente da CIA Jack Waide (Joe Don Baker), Bond chega ao naufragado navio que se encontrava afinal em águas vietnamitas. Aí reencontra Wai Lin, mesmo antes de serem detidos por Stamper (Götz Otto), o homem de pancadaria de Carver. Bond e Lin são levados para o Saigão (Vietname), onde descobrem que um General Chinês estava em conluio com Carver. Bond e Wai Lin conseguem escapar, descobrindo a localização do navio furtivo mesmo a tempo de o tornarem visível a chineses e ingleses, evitando assim a guerra.

O Vilão

Jonathan Pryce viu recentemente o seu talento reconhecido após a nomeação para o Oscar de melhore ator pelo papel de Papa Francisco em The Two Popes (2019) do cineasta brasileiro Fernado Meirelles. Em Tomorrow Never Dies, é sem qualquer dúvida o responsável pela melhor interpretação. A sua personagem, apesar da excentricidade do seu plano, chama a atenção para os interesses dos Media que, por vezes, podem não estar alinhados com a prestação de informação objetiva e transparente. As melhores citações no filme são também de Elliot Carver. E um dos melhores momentos é a sátira que faz a Wai Lin e às suas artes marciais.

Jonathan Pryce em Tomorrow Never Dies
Bond Girl

Wai Lin é uma presonagem relativamente lateral ao enredo que poderia ser simplesmente removida, não fosse a necessidade de existir uma Bond Girl. Michelle Yeoh tem uma interpretação interessante, mostrando bem a sensualidade das mulheres orientais.

Michelle Yeoh na pele de Wai Lin

A Música


A música interpretada por Sheryl Crow segue uma toada mais sintética correspondendo ao tom tecnológico do filme. É uma música interessante, com uma abertura de notas graves muito bem conseguida.




O Melhor

Ver secção "O Vilão."

O Pior

Um navio furtivo impossível de detetar e armado com tecnologia de ponta e...
Navio furtivo de Carver

... um carro que se conduz com um telemóvel.

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