23. A View to a Kill
O último filme a contar com Sir Roger Moore enquanto James Bond perdeu bastante com o facto de o ator, na altura do filme com 58 anos, não apresentar a forma física de outros tempos. A cena a que esta imagem se refere é um bom exemplo disso. A perseguição a May Day (Grace Jones) na torre Eiffel, pôs a nu a menor frescura do ator britânico no que às cenas de ação diz respeito. No global é um filme com uma história interessante, mas que pouco sobressai perante os restantes 23 filmes.
Título: A View to a Kill (1985)
Realizador: John Glen
007: Roger Moore
Bond Girl: Tanya Roberts
Vilão: Christopher Walken
Música: A View to a Kill (Duran Duran)
A Melhor Linha:
Zorin: That's rather neat, don't you think?
Bond: Brilliant. I'm almost speechless with admiration.
Zorin: Intuitive improvisation is the secret of genius.
Bond: Herr Doktor Mortner would be proud of his creation.
Resumo:
Sir Roger Moore deixou a sua marca distinta enquanto agente 007, contando com sete películas no seu currículo de Bond. Considerando a filmografia oficial, nenhum outro ator igualou este recorde, embora Sean Connery tivesse somado Never Say Never Again (1983) às restantes seis interpretações de James Bond produzidas pelo detentor dos direitos da personagem para o cinema, Albert Broccoli. Foram 12 anos sem interrupção em que o seu estilo pôs de lado a dureza de outros atores para fazer do típico charme humurístico britânico a sua imagem de marca.
Tal estilo foi-se acentuando cada vez mais, depois de interpretações mais canónicas nas suas duas primeiras aparições, a partir de The Spy Who Loved Me (1977) culminando em A View to a Kill (1985), onde as tiradas humurísticas eram já excessivas e algumas sem muita piada. Independentemente disso, a sua elegância no papel foi-se mantendo e mérito lhe deve ser dado por isso.
Este enredo começa com uma sequência de abertura sem grande novidade em que Bond foge uma perseguição de ski após ter encontrado um microchip junto ao corpo do falecido 003. A observação detalhada do microchip coloca Bond na pista de Max Zorin (Christopher Walken), um respeitável industrial francês na área dos semicondutores que tinha como grande hobby a criação de cavalos para corrida. Bond viaja até Paris para se encontrar com Aubergine que acaba assassinado por May Day, capanga de Zorin.
Bond segue no encalço de May Day pela torre Eiffel acima sem grande sucesso (talvez se Roger Moore estive numa condição mais ágil a tivese conseguido apanhar). 007 consegue infiltrar-se num evento organizado por Zorin, onde avista a deslumbrante Stacey Sutton (Tanya Roberts), que despertou a sua atenção, levando-o a investigar a sua identidade. Paralelamente, Bond descobre as experiências com chips que Herr Doktor Mortner, "tutor" de Zorin, administra nos seus cavalos, com vista a enviar impulsos que atuem no cérebro dos equídeos.
Doktor Mortner era afinal Hans Glaub, um ex-cientista nazi que fazia experiências químicas em humanos nos campos de concentração do Reich. Após o fim da II Guerra mundial, Glaub escapa às malhas da justiça ao ser recrutado pelos russos para desenvolver as suas pesquisas com vista à criação de super-agentes para o KGB. Os traços psicóticos associados a estas experiências levam à conclusão de que Max Zorin era uma das super-crianças resultantes das experiências do então Doktor Mortner, que o tomou como seu filho adotivo. Salvo os devidos exageros, esta personagem apresenta uma grande verosimilhança com os factos ocorridos durante e no pós II Guerra Mundial, em que muitos cientistas alemães foram recrutados por russos e americanos com vista ao uso dos seus preciosos serviços durante a Guerra Fria, fugindo assim à responsabilização pelos seus crimes de guerra.
Depois de descoberta a sua identidade, Bond escapa a uma tentativa de homicídio por parte de Zorin e May Day. A partir daí, procura localizar Stacey Sutton, chegando até São Francisco (EUA). Aí evita o seu assassinato, uma vez que Sutton se recusava a aceitar o cheque de Zorin para a silenciar, porque este lhe havia roubado o seu negócio de família. 007 volta à pista de Zorin, descobrindo a sua operação Main Strike que visa inundar o famoso Silicon Valley, com vista ao controlo do mercado mundial de microchips. Os britânicos não são os únicos preocupados com as atividades de Zorin. Os próprios russos, de quem Zorin se afastara para se dedicar aos seus negócios, procuram também perceber os seus planos através da bela agente Pola Ivanova.
Ao descobrir os planos de Zorin, Bond consegue evitar a destruição de Silicon Valley, bem como o massacre de inúmeros homens que eram leais a Zorin, ainda que May Day tivesse que sacrificar a sua vida para impedir que uma bomba explodisse dentro de uma gruta cheia de trabalhadores. O combate final dá-se no dirigível do antagonista com Bond a levar a melhor. Na última cena, num registo habitual nos filmes de Roger Moore, 007 é descoberto pelos seus superiores do MI6 enquanto se envolvia com Stacey Stutton.
Perante um resumo tão extenso e, com algum conteúdo, arrisco-me a dizer que este enredo é dos melhores que a saga já conheceu. Pena é que os protagonistas não lhe tenham dado o brilho que merecia.
O Vilão
Já muito foi dito sobre a personagem de Max Zorin no resumo acima. Falta só acrescentar que a interpretação de Cristopher Walken - conhecido do público português por The Rundown (2003), ou na tradução portuguesa, "Bem Vindos à Selva" - é a melhor que o filme tem para oferecer. E devo acrescentar que é dos vilões com mais substância de toda a saga, ainda que não tivesse escapado às extravagâncias dos loucos anos 80.
Christopher Walken, na pele do industrial Max ZorinBond Girl
Pouco foi dito sobre a personagem de Stacey Sutton no resumo acima e pouco há a dizer aqui. É uma personagem que pouco acrescenta ao enredo e que, como muitas Bond Girls parece ter sido plantada para se deixar facilmente seduzir. A interpretação de Tanya Roberts também não é convincente, apesar da sua grande beleza em algumas cenas.
Tanya Roberts no papel de Stacey Sutton.
A Música
Os Duran Duran oferecem uma interpretação muito boa da música composta por John Barry. Mesmo fora de um top 5, foi uma das grandes músicas que Bond já conheceu.
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O Melhor
Tudo dito sobre Zorin. Mas a personagem de May Day é também bastante interessante e inovadora, sendo a primeira mulher capaz de fazer frente a Bond num combate corpo a corpo. Grace Jones merece, sem dúvida, uma menção honrosa pela sua participação em A View to a Kill.
O Pior
Nem só de bons argumentos vivem os filmes. As prestações mais pobres dos protagonistas, bem como o exagero nas 'piadas' e em situações paralelas que pouco interessam para o desenrolar do enredo levou a que um bom argumento que se transformasse num filme de pouca memória. Sir Roger Moore merecia terminar a sua atividade enquanto 007 de outra forma, como ele próprio viria a reconhecer mais tarde.
Um casal na parte de trás da carrinha é literalmente "descoberto" na sequência de uma perseguição em que Bond escapa num carro dos bombeiros, uma das piores cenas de ação do filme. |
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