13. Quantum of Solace



Quantum of Solace (2008) soma dois pecados, um motivado pelas circunstâncias, outro por opção da produção/realização. Se por um lado sucedeu a Casino Royale (2006) - um dos melhores de sempre - por outro procurou desatar as pontas bem atadas do seu antecessor para se erguer a partir daí. Estas apostas são sempre arriscadas e, neste caso, não muito bem sucedida. Filme muito duro e compacto, oferece Quantum of Solace oferece cenas de ação de grande nível, mas sendo o mais curto de toda a saga, não permite aprofundar bem as motivações de cada personagem nem dar um maior enquadramento a pormenores importantes.


Título: Quantum of Solace (2008)


Realizador: Marc Forster


007: Daniel Craig


Bond Girl: Olga Kurylenko


Vilão: Mathieu Almaric


Música: Another Way to Die (Jack White e Alicia Keys)

Melhor linha

M: And Bond, if you could avoid killing every possible lead it would be greatly appreciated.

Bond: Yes, ma'am. I'll do my best.

M: ...I've heard that before.


Resumo

Quantum of Solace (2008) é um filme curto, mas implacável, exibindo cenas de ação de grande qualidade. Colocando-se aos ombros de Casino Royale (2006), deixa um pouco a desejar pela falta de vertigem no argumento que o seu antecessor trouxe. No fundo, Quantum of Solace parece ser mais um apêndice do que um filme com vida própria. É essencialmente aí que perde.

O início não poderia mostrar mais a intenção de sequenciação de Casino Royale. Após uma arrojada perseguição pelas estradas italianas, Bond chega à encantadora Sienna com Mr. White (Jesper Christensen) na bagageira do seu Aston Martin. A partir daí, o argumento baseia-se na investigação de Bond à organização que colocou Vesper no seu caminho para o fragilizar. Esta investigação tem um caráter muito pessoal para Bond - um pouco à semelhança da vendetta pessoal que License to Kill (1989).

Por este motivo, vemos um Bond emocionalmente a perder o controlo em várias cenas, cedendo facilmente ao impulso de matar. Quantum of Solace é um filme que aprofunda a dimensão humana de Bond - focando-se essencialmente no sentimento de revolta e desejo vingança, à semelhança de License to Kill - ao mesmo tempo que é de aprendizagem. Enquanto que em Casino Royale, Bond aprende essencialmente a controlar os seus impulsos com a experiência, aqui aprende a não ceder às emoções. Desse ponto de vista, Casino Royale e Quantum of Solace são semelhantes na evolução de comportamento que Bond vai tendo do princípio ao fim. E ambos terminam com Bond a escolher não matar os seus alvos - Sepectre (2015) assemelha-se também nesta particularidade. 

Como já referido, é na profundidade do argumento que o filme mais falha. Apesar de a linha base ser muito interessante, com uma organização criminosa a promover um golpe de estado num país terceiro mundista para ficar com o controlo de um precioso recurso - a água - a verdade é que falta dar mais contexto e robustez. Sobre este particular, a personagem de Dominic Greene (Mathieu Almaric) é a que surge mais pendurada. No entanto, não deixa de levar Bond a novas longitudes, nomeadamente no Haiti e Bolívia, evidenciando os problemas que resultam da corrupção e da apropriação por tiranos de recursos essenciais à vida das populações.

Em suma, Quatum of Solace é um filme compacto e implacável, em tons negros, com uma boa história base, mas que perde na profundidade do seu argumento, o que lhe tira alguma vida própria.

O Vilão

A personagem de Dominic Greene surge, de alguma forma, pendurada e com pouco contexto. Sem o mesmo carisma de Le Chiffre, o filme um pouco órfão no que ao antagonista diz respeito. Não que Mathieu Almaric tenha estado mal, mas não lhe foi dado espaço para mais. E Quantum of Solace merecia que se conhecesse um pouco melhor a história e as motivações do líder da organização criminosa.

Mathieu Almaric interpreta Dominic Greene

Bond Girl

Camille não é a típica Bond Girl que vemos em muitos filmes. Bond nunca chega a envolver-se fisicamente com ela - apenas trocaram um beijo. No entanto, o seu envolvimento foi muito superior a qualquer outro. Bond e Camille estavam emocionalmente ligados pela mesma dor e desejo de vingança. É isso que torna a personagem de Olga Kurylenko a parceira perfeita de Bond para esta missão, em quem encontrou apoio e compreensão. A atriz saiu-se bem, trazendo o lado negro à angústia que sua personagem vivia.

Camille Montes vivida por Olga Kurylenko

A Música

Another Way to Die continua a senda moderna trazida por You Know My Name de Chris Cornell, afastando-se ainda mais da linha canónica. Jack White e Alicia Keys dão uma boa interpretação ao tema, que não figura entre os mais míticos da saga. Mas vale a pena.

O Melhor

A cena na Ópera na Áustria que intercala uma perseguição letal com sons da Tosca de Giacomo Puccini. Uma cena visual e audivelmente muito apelativa. Refiro também a evocação de Goldfinger (1964) quando a agente Fields (Gemma Arterton) surge toda coberta de petróleo, o ouro negro.



O Pior

A falta de contexto dada à organização Quantum e ao seu líder.

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